terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Uma história de amor #1

Ter um blog que me dá um enorme prazer escrever, ter a possibilidade de ajudar com dicas e sugestões  várias mães e não mães, e ainda,  fazer chegar a tantas pessoas queridas um bocadinho do que pode ser o dia a dia de uma família de cinco é gratificante e muito bom.
Esta vai ser a primeira de muitas histórias reais, de muitas histórias de amor. Um amor verdadeiro, um amor que ganha e ultrapassa os obstáculos mais difíceis e mais injustos que se atravessam na vida de uma mãe.
A história da Catarina é das histórias mais bonitas que conheço. Uma verdadeira mulher furacão, um caso de força e amor que pode ajudar quem está a precisar de um bom exemplo para seguir.
Tenho a certeza que vão gostar...

The dream come true...

Quando me perguntavam o que queria ser quando fosse grande respondia sempre e sem pensar duas vezes: “mãe. Quero ser mãe”. Nada de ser professora, médica ou rainha de Portugal. Simplesmente mãe.
Quando no início da adolescência me apareceu o período não chorei, não tive nojo, não roguei pragas à vida ou desejei ser rapaz. NADA DISSO. Pelo contrário. Lembro-me de dizer à minha própria mãe do alto dos meus 13 anos que a partir daquele dia já podia ser Mãe….o que agora, visto dos meus 33, confesso parecer-me assustador, e porventura, caso de análise clínica. Acima de tudo, era, e foi certamente, o pronúncio do que estaria por vir, e talvez a razão pela qual, a minha mãe, ante a notícia, entre lágrimas, do “estou grávida” me tenha respondido singelamente: “já estava à espera”. Não admira.

Novela à parte - que fui mãe solteira e hoje tenho no Pai do meu filho um verdadeiro amigo e companheiro de (e para) a vida – aos 25 anos engravidei do filho que sempre quis ter. E apesar de assim ser, a verdade é que como sempre acontece quando somos mães pela primeira vez, nada, nem ninguém, me preparou para o que ser Mãe foi, e é. No bom e no menos bom, ponhamo-lo assim.
A início, um enamoramento e um cansaço extremo; uma felicidade e um pavor imenso com aquela miniatura de ser humano a meu inteiríssimo cargo. E o resto, quem me lê sabe como é. No bom, e no menos bom. Porque apesar de ser duro, apesar de não dormirmos e muitas vezes não nos revermos sequer nas reações desproporcionadas que temos fruto dessa falta de sono, não há nada que explique, compense, substitua o que um filho nos traz. Sentido de vida e uma paz interior imensa. E claro, um renovadíssimo sentido de “eu”.


O meu filho Martim é o melhor de mim. E como sempre acontece, através dele aprendi duas das mais duras lições da minha vida. A primeira, a de que um filho é, e deve ser, sempre, e na medida do possível, um projeto a dois. A segunda, que aos nossos filhos não está garantido crescer como eu cresci. Na ilusão de que o mundo é justo.
E isto porque como o médico que o diagnosticou me disse, o Martim nasceu surdo “que nem uma porta”, passe-se a expressão. Podia ser pior? Claro. Infinitamente pior. Mas convenhamos que também podia não ter sido assim. E hoje, depois de duas operações e cinco anos de terapia da fala, e os vai-e-vens de Portugal - Espanha onde é seguido, ouve, e fala tudo, em torrente. E para além de ouvir e falar tudo em torrente, é uma criança feliz, que acorda e adormece a rir. E isso, chega-me. E mais do que chegar, preenche-me.
Pelo meio, vivi, claro, noites sem dormir. Questionei-me muitas vezes se e como chegaríamos aqui. Morri de medo que não fosse candidato às operações a que foi sujeito; que ficasse confinado a falar através do gesto e a viver num mundo onde a maior percentagem de gente teria problemas em comunicar com ele; que lhe fosse vedada a música para sempre, e que nunca, mas nunca, viesse a ouvir a minha voz.
E pelo meio, o meu filho Martim, teve que fazer o percurso que é só seu e que exigiu dele muito mais do que a vida exige a uma criança que nasce “normal”. E nesse percurso, teve que se confrontar, digerir e aceitar o facto e a realidade de que a vida não é justa, como me disse há um ano a esta parte na véspera de ser operado.
Não é. Mas é a nossa, a que temos, e o que temos, como diz o Martim, é o quanto baste para sermos felizes.
You’re my biggest and most desired dream come true. Xxx Mum




Obrigada Catarina, és de facto uma grande mãe, uma grande mulher e uma pessoa extraordinária que muitas vão querer seguir.



Cacomae
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8 comentários:

  1. que maravilha de pessoa... e história. gosto do "o M é o melhor de mim"

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  2. Que bonita história :-) Gosto de ler histórias que, como a minha, conseguem ter um feliz feliz de gratitude e amor.
    beijinho Joana

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  3. Que linda história... Mulher e Mãe com M maísculo!

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  4. Só pode ser uma grande mãe. Que história maravilhosa :')

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  5. Antes de ler lembrei-me que já tinha visto a Catarina pelas fotografias. Este Verão, num restaurante do Algarve onde estávamos a jantar o Martim aproximou-se timidamente da minha filha e sobrinhos para brincar e ver num Ipod um filme.
    Lembro-me que ele era amoroso e que estranhámos porque reparámos que ele tinha um aparelho complicadíssimo para ouvir mas com a família parecia comunicar sem nenhuma dificuldade.

    Adorei conhecer a história e fico verdadeiramente feliz que ele tenha tido a sorte (dentro do azar e da injustiça) de ter quem lutasse para lhe dar a possibilidade de ouvir.

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  6. Qual é o blog da Catarina?









    Qual é o blog da Catarina? Tem? Gostava tanto de ler mais.


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    1. Parabéns! !! Ando à procura dessa força interna que todas nós mulheres temos! Fantásticas as suas palavras! Cada vez mais me convenço que o que não nos mata torna-nos mais fortes...mas temos concerteza umas pedras no caminho difíceis de ultrapassar. Mas chega-se lá não chega?

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