quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Odeio, detesto, abomino, praxes...

Não, não fui das que teve algum dia que passar por uma praxe má, por algo humilhante o suficiente que me deixasse assim, revoltada. Se bem que andar pintada na rua, em fila, tipo criancinha de 5 anos, com espuma e perfume patcholi, tenha sido uma coisa boa na minha vida académica. Não, não é isso. Não gosto, ponto. Nunca gostei, e nunca irei gostar. E mais, neste momento estou em choque com as notícias dos últimos dias.
Estou sem palavras e com o coração apertado, bem apertadinho pelos pais daqueles miúdos que morreram, pelos vistos, pela razão mais parva que podiam algum dia ouvir, que um filho iria morrer. Nem consigo imaginar a dor e o sofrimento deles. Se dantes não gostava de praxes, agora então, acho que deviam ser, de uma vez por todas, proibidas e castigados os que as continuam a praticar de forma tão cruel, tão parva e tão irresponsável. De há uns anos para cá, não há ano que não se conheça uma tragédia ou história parva, ocorrida numa dessas praxes, que a meu ver é feita por pessoas ressabiadas que devem ter um complexo enorme de inferioridade, e que apenas conseguem achar-se superiores ao ver alguém ser rebaixado e ridicularizado ao máximo. Desculpem-me as amigas, os amigos e todos os que gostam e veneram esta prática, mas a raiva que sinto neste momento com a história horrenda daquela noite no meco (eu sei que nada está provado mas o que já se sabe é mau, muito mau), deixa-me com uma raiva, e com uma revolta que não pude conter e tinha de deitar cá para fora. Afinal, sou mãe e não consegui deixar de pensar, se um dia não poderiam ser algumas das minhas filhas numa dessas situações.
Se há quem tenha algum poder, que o use e pare com estas atitudes irresponsáveis e tão, mas tão estúpidas. Vestem-se de preto, com uns conjuntos horríveis, quer faça  frio e chuva, quer sol e calor. Morcegos, é o que parecem e pelos vistos foram. Quem mais iria para uma praia, em noite de ondas grandes e com um frio nada apetecível para ver o luar.
Não há perdão, nem desculpas que façam aqueles pais voltar a sorrir da mesma maneira, pois perderam o que nenhum pai quer e pensa perder, os filhos. Filhos muito amados, com tanto ainda para viver, com tanto que ficou por dizer e fazer.
São estrelas é certo que brilham lá em cima, para que as suas famílias e amigos nunca se esqueçam, se é que se esqueciam, mas principalmente estão lá para  guiar, ver e iluminar os que mais gostavam e deixaram, tristes na terra...



Sou cristã e apesar de não entender onde está Jesus nestes momentos, porque não salvou quem não merecia morrer, a única coisa que posso fazer por estas famílias é rezar...



Cacomae
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5 comentários:

  1. Ana, pôr tudo no mesmo saco, como em tudo na vida, é um erro, e é o que se tem feito nestes dias em relação a este assunto. Também eu me sinto horrorizada com os relatos daquela noite, até porque conheço de forma próxima um amigo de uma das vítimas, e não consigo nem imaginar a dor daqueles pais, por saberem que os filhos morreram de uma forma tão estúpida. E não venero as praxes da forma fanática como vejo alguns colegas meus na TV, mas há que saber distinguir que as coisas não se processam da mesma forma em todas as instituições. Na minha faculdade fazem-se jogos, levam-se os caloiros a conhecer Lisboa (de uma forma acompanhada, que muitos deles estando a viver sozinhos há pouco tempo na cidade, se calhar tão depressa não fariam), fazem-se coisas lúdicas e ninguém é obrigado a nada. Não quer estar, vai embora ou fica apenas a ver. Quando vamos para a Baixa ficaq bem assente que ninguém salta para a fonte do Rossio, que é uma fonte. Nunca fica ninguém no metro sozinho à noite, sejam que horas forem fica sempre alguém mais velho a acompanhar, nunca nos passaria pela cabeça levar gente para a praia ou para o meio da serra sem telemóveis! Eu passei por duas praxes diferentes. Não gostei da primeira, adorei a segunda. As coisas são diferentes.
    Mais uma vez, Ana, isto não é um relato fanático da praxe, que eu admito perfeitamente que há coisas horríveis a acontecer país fora. Mas é só um pedido para que se tenha cuidado com as generalizações (:
    Um beijinho muito grande* Alexandra

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  2. OLá Alexandra, eu acho que tem toda a razão e claro que há que saber separar as coisas. Eu quando falo que odeio praxes são aquelas de extremos e que obrigam os miudos a fazer coisas parvas. As comas que apanham de alcool, as figuras parvas e riculas, os extremos, esses sim é que odeio. Podiam fazer coiisas tão giras...e se há sitios que as fazem que mantenha ;)
    Bjs e obrigada

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  3. É verdade. E não me venham dizer que ninguém é obrigado, porque a pressão dos pares e o desejo de integração leva a que se façam coisas que não fariam noutro contexto. Ou será que achavam agradável passar a madrugada junto a um mar perigoso e com um frio de rachar? Não fui praxada - simplesmente, faltei nesses dias e ninguém me veio chatear - e sou contra. Há muitas outras maneiras de integração sem recurso à humilhação.

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  4. Tenho de comentar só pela sua última frase Ana. Perdoe-me a franqueza, mas não foi Jesus que foi de fim-de-semana e decidiu entrar vestido na água no seguimento de uma qualquer "praxe" (se é que se pode apelidar o que se passou assim). Deus não tem culpa das más escolhas dos homens.

    Feliz ou infelizmente, nem sei bem, Ele deu-nos livre arbítrio e isso implica que Ele não nos obriga a nada. Ele dá-nos sempre um escape, mostra-nos sempre a melhor opção, aquela que nos protege, mas nós às vezes ignoramos. Aqueles miúdos fizeram uma escolha e naquele momento, sem saber, traçaram o seu triste destino.

    Sendo cristã certamente sabe que as nossas escolhas têm consequências, para o bem e para o mal. Tudo o que o homem semear, isso também ceifará (Gálatas 6:7).
    Todos nós em algum momento temos atitudes irrefletidas... lamento que as daqueles jovens os tenham levado a um fim tão tráfico. É de facto triste, apesar de tudo.

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  5. Olá Ana, compreendo que não concorde com a praxe, pois a televisão portuguesa só tem mostrado os maus exemplos, exemplos esses que deveriam ser abolidos. No entanto, pertenço a uma instituição que me deu uma praxe muito boa e divertida, e que por mais que as pessoas digam que não, fez com que me integrasse, de outra maneira não teria conseguido faze-lo tão rápido, porque sou uma pessoa muito timida. Desta maneira deixo-a com uma imagem sobre a qual deveria reflectir e concluir que a praxe não é igual em todo o lado, e que o objectivo é que todos se ajudem uns aos outros, e que todos sejam uma equipa, independentemente das nossas dificuldades, e é uma coisa que me ajudou muito neste ultimos anos no meu curso, porque aprendi que posso confiar nos meus colegas que vão lá estar sempre para me ajudar, como eu estarei para os ajudar a eles.
    Muitos beijinhos , e está aqui a imagem
    https://fbcdn-sphotos-g-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn2/t1/1779757_580660728691610_803137735_n.jpg

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